segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Contra indicado para aracnofóbicos

Ela sobe pelas paredes até chegar ao teto. Calmamente vai tecendo sua teia. De mansinho, observa e interage com o ambiente. Não é agressiva, mas uma mordidinha pode ocasionar efeitos colaterais sem precedentes. Seu veneno: a moda sustentável.

Flávia deselvolve o EcoFashion.
Imagem: Divulgação
Estamos falando de Flávia Aranha. Dona da grife homônima, 27 anos, nasceu em Campinas, mas mora em São Paulo, onde fez faculdade de Moda na Santa Marcelina, e trabalha. Apaixonou-se pela costura e a tornou essência de sua vida. Ainda universitária, não gostava de fazer roupas que pudessem ser usadas. Não via desfiles. Não conhecia os estilistas que ditavam moda.

“Trabalho com moda porque gosto de fazer roupas, de me relacionar com toda a cadeia que envolve o processo de produção de uma peça e também pela possibilidade de ser um instrumento de comunicação”. É assim que Flávia define seu vínculo com a profissão.

Durante os estudos, aprendeu a mexer com gotas de vidro, que futuramente seriam usadas em sua coleção para a Osklen, seu primeiro trabalho profissional. Depois disso, Flávia visitou fábricas na China e na Índia para conferir de perto como funciona o tingimento das roupas.

Desvinculou-se da Ellus, marca em que trabalhava, e foi seguir seu rumo sozinha. Resultado: “se encontrou” – nos sentidos literal e figurado – na Moda Sustentável. Seu diferencial é colorir as peças com pigmentos e corantes naturais. “Ser sustentável é muito natural pra mim, faz parte da maneira como entendo a vida e as relações humanas” destaca a estilista.

Flávia desenvolve roupas, calçados e acessórios
com matéria-prima sustentável. Imagem: Divulgação


Tecendo com dificuldades


Mesmo com a naturalidade com o tema, tornar o Ecofashion realidade é um desafio para Flávia.

A matéria-prima artesanal, por exemplo, não é de fácil acesso e a escala é pequena. Ela tem que viajar bastante pelo interior do Brasil para descobrí-la junto ás comunidades que resgatam a cultura nacional. Outro problema é a banalização do assunto: “muita coisa é marketing, a palavra ‘sustentabilidade’ virou slogan”.

Flávia conta que a consciência do público também não é totalmente direcionada ao apelo de sustentabilidade: “Muitas vezes as pessoas estão dispostas a pagar pelo design, pelo o produto em si. Ajudar o meio ambiente não é a razão pelo consumo, mas evidentemente elas se sentem melhor por essa atitude”.

Tingimento natural é a marca da estilista.
Fotomontagem: Isabel Minaré
“Minhas clientes consomem outras marcas também e acredito que se fosse apenas para ajudar o meio ambiente plantariam árvores ou doariam dinheiro a instituições com esse foco. O que elas querem mesmo é ficar bonitas e se sentir bem ao mesmo tempo”, conclui a estilista.

Mesmo com as dificuldades, Flávia se destaca no mercado pela qualidade e diferença de sua marca. Ela foi a única a representar o Brasil na Alemanha, expondo e desfilando suas peças na "Thekey", feira de moda sustentável que aconteceu em Berlim em julho de 2010, paralela à Berlim Fashion Week. Atualmente além da loja na Vila Madalena e do e-commerce em seu site, Flávia vende sua marca na Suíça, Áustria, Alemanha e Japão. Para quem tem medo, não há antiveneno disponível para neutralizar o efeito dessa Aranha em seu corpo. O que resta é se entregar a ela e ficar bonita e cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo.


A fachada e o interior da loja Flávia Aranha.
Imagem: Divulgação

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