Walter Rodrigues. Imagem: Divulgação |
Quando decidimos colocar o Walter Rodrigues entre os entrevistados do blog, não imaginamos que seria tarefa fácil. Primeiro, porque não conseguíamos encontrar o contato da assessoria de imprensa dele. Tudo bem, fizemos uma pesquisa no Google e encontramos o número do ateliê. Resolvi arriscar.
- Alô, com quem eu falo?
- Com quem gostaria?
- Meu nome é Gabriela, sou estudante de Jornalismo da UNESP... Estou fazendo um blog sobre Moda e Empreendedorismo e gostaria de conversar com o Walter Rodrigues. É possível?
(Silêncio)
- Só um minuto.
(...)
Uma voz de homem atende:
- Alô?
- Oi, com quem eu falo?
-Walter.
Não imaginava que fossem me passar direto para ele.
- Oi, Walter. Sou estudante de Jornalismo da UNESP, de Bauru, e gostaria de marcar uma entrevista com você...
- Você tem as perguntas? Prefiro que seja agora.
O tom de voz não era dos mais amigáveis e logo na primeira pergunta, ele já pediu para que eu direcionasse mais as questões. Não me intimidei. Apenas atendi o pedido e segui em frente.
- Como o blog fala sobre empreendedorismo, queria saber: você se considera um empreendedor da moda?
- Todo mundo que quer fazer alguma coisa nesse país tem que ser empreendedor. O Brasil, na verdade, é um lugar de oportunidades, mas, ao mesmo tempo, você tem que lutar contra muitas situações complicadas, como dificuldades de exportação ou mesmo de distribuição do seu produto. Então, se você não tiver esse espírito de empreendedor, você não sai do lugar.
- Você acha que a maneira de fazer e pensar moda se modificou em todos esses anos que você está no mercado? Se sim, de que forma?
- Eu acho que nós estamos mais profissionais. Essa modificação, ela está em conta, para mim, em 1992, quando a gente pôde ter produtos importados aqui no Brasil. Então, com a chegada das marcas internacionais – e isso é muito bom, porque, para mim, concorrência é absolutamente necessária na questão do empreendedorismo, porque, pelo trabalho do concorrente, você melhora o seu produto, você melhora as suas ações, você descobre os seus erros. Então, para mim, essa mudança realmente começa em 1992, que é a abertura das importações e, no decorrer todo esses anos, praticamente, 20 anos, o que é importante é que a gente se profissionalizou mais, as nossas escolas estão mais aptas a proporcionar para as empresas profissionais com capacidade, com uma visão de pensamento global, que eu acho que é muito interessante. Ao mesmo tempo, a gente também teve oportunidade de expandir o nosso conceito de moda para o mundo e o mundo passa a desejar não só essa vivência desse way of life brasileiro, dessa maneira de viver, mas tudo o que diz respeito a isso. Então, seria produtos no geral, não só moda, mas qualquer outro tipo de produto que possa ser exportado, para que leve, junto com isso, a originalidade de ser brasileiro.
- E você tem contato com trabalho de novos estilistas?
- Sim, claro.
- O que você acha desses novos estilistas, como você vê a moda brasileira daqui pra frente?
- Eu acho que a gente vai muito bem, na realidade. Eu não tenho visto... Por exemplo, há uma geração furada no meio dessa história, que é uma geração do Jefferson de Assis, o Wilson Ranieri, Deoclys Bezerra, Emilene Galende, por exemplo, essa geração não conseguiu, ela saiu da universidade, ela até teve estímulos e apoio, mas ela não foi resolvida na questão de como seus produtos chegariam nas pessoas e do sucesso dessas pessoas. Então, me preocupa muito a ideia de como esses "novos" serão incorporados pelo mercado. E como esses "novos" terão capacidade de empreendedorismo para se sustentar diante de um mercado voraz e, ao mesmo tempo, absolutamente conectado com o mundo. Nós estamos, hoje, em um contexto global. Então, esses jovens concorrem com jovens internacionais também. São pessoas que não precisam não só da melhoria na questão da escola, como eu já disse pra você que acredito que foi muito bem, mais em todos os setores que apóiam esses novos designers.
No final da conversa, ela já se mostrava bem mais simpático e até desejou boa sorte com o projeto!
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Veja o último desfile de Walter Rodrigues no Fashion Rio - Verão 2012:
Crédito: Portal FFW
Walter Rodrigues trabalha com Moda desde 1983. Mas foi quase dez anos depois, em 1992, que ele lançou a marca que leva seu nome. É considerado um dos principais estilistas da alta costura brasileira.
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