domingo, 27 de novembro de 2011

É uma loja? É um ateliê? É um brechó? Não! É uma “Miscelânea”!

A multitalentosa Dagma // Imagem: Gabriela Pagano

Uma “mistura de várias coisas”. É assim que o dicionário Michaelis define a palavra “miscelânea”. E não existe outra palavra, a não ser “miscelânea”, que possa definir o negócio de Dagma Marques, na movimentada Rua Saint Martin, em Bauru.

Na loja/ateliê/(ex)outlet Miscelânea tudo está a venda, inclusive os móveis. A loja começou como um outlet da Melissa, Cavalera e Iódice. E era onde Dagma, que tinha acabado de largar o emprego como gerente de loja no shopping, podia vender seus acessórios. Ela é uma designer de jóias autodidata.

- Eu queria um lugar para vender as minhas coisas, mas eu queria fazer, também, um monte de coisas. Eu queria um lugar pra vender. Vender roupas, vender móveis.

Como Dagma não tinha muito dinheiro para investir no negócio, ela resolveu optar pelo chamado outlet. O conceito é assim: ela pegava roupas consignadas de lojas em Bauru - coleções passadas -, e vendia a preços mais baixos em seu estabelecimento. Com o tempo, ela começou também a customizar roupas compradas nas viagens a Santa Catarina e São Paulo. As clientes gostaram tanto que, hoje, um ano depois da inauguração, as peças customizadas vendem bem mais que as roupas do outlet.

- As peças de outlet começaram a ficar paradas. Então, eu fui automaticamente partindo pra esse lado, de ateliê, de customização.

As bolsas são de uma designer bauruense que
mora no Rio // Imagem: Gabriela Pagano
Além de vender roupas, acessórios e os próprios móveis da loja – Dagma conta que a única coisa, ali no espaço, que não está à venda, é a máquina de costurar! – ela também organiza oficinas de corte e costura e bazares. As oficinas são ministradas pela Lívia Perrocca, do SENAC Bauru. Já os bazares são mais movimentados. Cerca de 20 artistas bauruenses expõem suas obras (sejam roupas, quadros, tudo o que for arte!) na loja e, no quintal, enorme, há apresentação de uma banda e bar. O bazar é conhecido na cidade, já que antes de virar a “Miscelânea”, a “casa amarela” abrigava o ateliê Ser do Bem, que, há mais quatro anos, já organizava o evento.

- É uma maneira bem legal de divulgar, porque a partir do momento que você chama uma pessoa para participar, essa pessoa vai chamar quem ela conhece. Quanto mais participantes, mais gente fica sabendo que tem o bazar. E mais gente vem conhecer.

Nesse momento, a gente chega à conclusão: tudo acontece na Miscelânea! E qual seria o estilo desse mundo tão eclético? A resposta de Dagma é quase óbvia:

- Difícil, viu? Tem bastante coisa romântica, uma coisa mais moderna, retrô. Tem um monte de coisas antigas, meio vintage. Não tem um estilo certo.

Okay, Dagma. Mas e quanto ao público-alvo?

- Não tenho. Eu tenho clientes crianças – entrando na adolescência -, eu tenho senhoras de idade, pelo fato de eu ter móveis, determinados acessórios. A intenção é atingir todo o público.

É, pelo jeito a única coisa que define a Miscelânea é só “miscelânea” mesmo. E qual a peça que vende mais?

- Jeans, eu vendo bastante. Vendo mais os shorts jeans que eu customizo.

Dagma diz que não é possível definir o estilo da Miscelânea //
Imagem: Gabriela Pagano

E se ao olhar o jeans, você se apaixonar pelo cabide personalizado, cheio de renda, não tem problema. Ele também está a venda. Ali, as blusas custam em média 25 reais. Os shorts, 30. Tem jaqueta de 300 reais. A loja, aliás, é cheia de tules e rendas e, cada vez mais, a gente tem a impressão de estar num mundo encantado, num conto de fadas. Será que todas as pessoas gostam?
 
- Tem pessoas que “dão uma assustada”, perguntam se é brechó. Se a pessoa não gosta desse estilo, de um monte de coisas, já vê de cara e não gosta. E não volta mais. Mas a maioria que vê e gosta, volta.

Quem passar distraído pela Rua Saint Martin pode mesmo não reparar na existência do ateliê. O casarão amarelo não tem vitrine e apenas uma plaquinha discreta anuncia o mundo encantado que se esconde ali. A vitrine da loja, de verdade, é o álbum de fotos do Facebook.

- Os clientes que eu tenho, a maioria, são da Internet. Pessoas que eu adiciono, daqui de Bauru, acabam vendo foto, gostando, perguntam preço e vêm aqui na loja. Precisa fazer propaganda. Ainda mais aqui na loja, que não tem vitrine.

Parece que estamos em frente a uma empreendedora!

- Não sei... Se for ver, sou né? A loja é minha, divulgo sozinha, crio sozinha...

Cantinho do ateliê // Imagem: Gabriela Pagano
O trabalho é duro e o dinheiro dá apenas para pagar as contas. Dagma diz que ganhava mais como gerente de loja. Mas garante: não troca essa liberdade da Miscelânea por nada! Que ela é uma artista nata, ninguém duvida. Será que existe uma mulher de negócios ali dentro?


- Eu queria muito alguém que fizesse essa parte, da contabilidade. Eu sou uma artista, eu quero criar só... (risos). É uma coisa que eu faço, porque tenho que fazer. Mas minha intenção é ter alguém pra fazer isso para mim.

Dizem que vender é uma arte...
- É muito fácil vender. Gosto de deixar a pessoa à vontade, de tirar aquela coisa de loja. Quero passar a impressão de ateliê, de casa. Lógico que quero que ela leve a roupa, mas o que eu mais quero é deixar a pessoa à vontade. Quando entra alguém e começo a atender, eu esqueço tudo. Esqueço de problema, de conta...

Negócios a parte, a Miscelânea é um charme!

Serviço: A loja/ateliê Miscelânea fica localizada na Rua Saint Martin, 16-34. Telefones para contato: (14)  3243 0658, (14) 9109 1217 e (14) 9123 8581.

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