Michelle no país dos retalhos e texturas

Michelle: não parece que saiu da literatura?

Sabe aquelas histórias, com gostinho de nostalgia, que a gente conta sobre a infância na casa da “vó”? A da Michelle Svicero parece um roteiro de comercial de margarina, de tão cheia de encanto. Foi na casa da avó costureira, Dona Anna, que ela descobriu o mundo dos retalhos, cores e texturas. Seduzida pelas linhas e agulhas, Michelle começou a costurar, literalmente, o seu destino...

Veterana, "Mi Svicero" ainda faz o Colegial

A coleção de botões, sustentada pela caixinha de costura da avó, Michelle trocou pela câmera fotográfica, presente de 15 anos. Foi observando o irmão, fotógrafo, que a menina de Bauru, no interior de São Paulo, se encantou pela prática. Depois, se inscreveu num curso de Estilo do SENAC e começou a fotografar editoriais de moda.

Hoje, aos 18 anos, ela é uma jovem veterana na área. Há pouco mais de um mês, “abriu” um brechó online, o Mi Svicero Vintage Shop . A ideia surgiu sem querer, meio inesperada.

- Postava meus looks pessoais em um blog e as meninas falavam que queriam o meu guarda-roupas para elas. Uma garota perguntou se eu vendia a saia que usava em determinada foto, logo pensei: quer saber? Vou vender! Assim ocorreu a primeira venda, ainda amadora.

Depois de fazer o “primeiro negócio”, Michelle reparou que os brechós existentes em Bauru tinham algumas deficiências. Decidiu, ela mesma, oferecer o serviço aos moradores da cidade.

- Tive a ideia de criar o meu próprio brechó, onde as peças são muito limpas, com um rígido controle de qualidade, baratas, e com a grande facilidade de comprar sem sair de casa, e ter a peça entregue na porta da sua casa em um dia útil.

Costura tamanho família

Para que o negócio dê certo, a estudante conta com uma verdadeira equipe, que não mede esforços para que tudo aconteça conforme o planejado: a família. Cada um tem uma função bem definida. A mãe lava e passa as roupas e ajuda nas entregas, já que Michelle ainda não tirou a carteira de habilitação. Quando o serviço é numeroso, o pai também leva algumas peças até os clientes. A avó (costureira!) fiscaliza tudo e faz todos os consertos necessários nas roupas. É a responsável pelo controle de qualidade mesmo. Já o irmão fotografa todas as peças que serão vendidas no brechó. E é a própria Michele quem veste as roupas e posa para as lentes do irmão. O namorado, que cursou ciências contábeis por um tempo, ajuda nas finanças.

- Tudo é muito bem descrito e controlado por meio de planilhas, balanço do mês. É muito necessário saber exatamente quanto entra e quanto sai.

A parceria dos dois também continua na hora de manter o site na Internet. Enquanto o namorado cuida da parte de programação e HTML, Michelle fica responsável por cuidar do design.

É própria Michelle quem posa para o irmão, fotógrafo

Um alfinete no meio do caminho

O cenário e os personagens pareciam perfeitos para que a história dessa jovem empreendedora tivesse um final feliz, não é? Afinal, ela nasceu em uma família de avó costureira, irmão fotógrafo e, de quebra, ainda conseguiu um namorado administrador e entendido a programador da web. Mas quem pensa que ela não encontrou dificuldades, está enganado.

- A montagem foi o mais burocrático. Uso a rede do Pag Seguro para que as clientes tenham segurança ao digitarem dados como CPF, RG e número do cartão. E foi um pouco difícil de implantar.

Por enquanto, o local de trabalho da estudante consiste em um computador, telefone e bloco de anotações. Em outro cômodo, araras de roupas e armários guardam as peças vendidas no site. Abrir uma loja física é questão de tempo e necessidade.

- Mais para frente, isso vai ser necessário. Entretanto, neste momento, seria inviável. Os gatos com o aluguel aumentariam os custos e, consequentemente, o preço final ao meu cliente, o que não é meu intuito agora.

Assista aqui uma entrevista de Michelle Svicero para o programa De Ponta a Ponta, da TV TEM Bauru.

Todas as imagens dessa matéria foram gentilmente cedidas por Michelle Svicero.