quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mosaico de arte de pessoas

Luciana em meio as suas criações.
Imagem: Divulgação

Pequenos fragmentos unidos como um quebra-cabeça formam uma figura única. A arte do mosaico encorajou a organização de um mosaico humano. Luciana Galeão, estilista e mentora da Cooperativa do Alto da Sereia, precisava aumentar a capacidade de produção de mosaicos artesanais para suas coleções.

Em Salvador, ela percebeu que existia mão de obra em potencial espalhada pela região do Morro Alto da Sereia, formada pelas mães de família, ociosas e sem emprego. A conexão foi perfeita e o vínculo imediato. Cada peça que se juntou, cada pessoa que chegou, preencheu a base do painel e ocupou seu espaço no mercado de trabalho. É a harmonia da arquitetura dos elementos dando origem à arte do cooperativismo.

“Essa necessidade veio em um momento em que não só minha marca e empresa, mas todo setor industrial e empresarial brasileiro vem inaugurando, onde procuramos cada vez mais atuar com responsabilidade social, sabendo e assumindo que os problemas atingem todos os setores e classes – portanto são de todos”. É assim que Luciana resume a ideia da cooperativa e destaca a importância do papel do cidadão na construção de uma sociedade melhor.


Mãos à obra

As cooperadas desenvolvendo os mosaicos
da coleção de Luciana. Imagem: Divulgação
A Alto da Sereia começou sob a coordenação de um funcionário de Luciana, que, além de produtor musical, já morou no morro. Ele selecionou algumas mulheres “que passavam as tardes sentadas em frente a suas casas, que desejavam e precisavam de ocupação”, nas palavras da estilista. Não foram muitas porque a demanda de sua confecção é pequena.

A partir daí, começou a formação das cooperadas com o aprendizado de técnicas específicas artesanais de Luciana. É como se ela fosse lá e desse a mão para cada uma, explicando e ensinando como fazer. Um trabalho que exige paciência e dedicação de todas as partes. O resultado valeu a pena! Nos primeiros meses de cooperativa, elas fizeram um desfile no Barra Fashion Mall, na principal Semana de Moda da Bahia. “Vê-las ali no backstage emocionadas, posando em grupo para os fotógrafos, foi lindo!”, relata a estilista.

Alguns dos mosaicos das peças da estilista.
Fotomontagem: Isabel Minaré
Luciana e seu funcionário não trabalharam sozinhos. Eles contaram com o apoio do SEBRAE. Por meses uma consultora foi até a Cooperativa para orientar e realizar atividades. Enquanto isso, as cooperadas aprenderam sobre artesanato e controle de qualidade. Atualmente, além da demanda dos mosaicos, elas produzem almofadas, tiaras e bonecas para outros clientes.


Mãos solidárias

O bairro Morro Alto da Sereia foi escolhido por Luciana por ser “estratégico para tais ações terem sucesso”, como ela gosta de frisar. Ele é marcado por fortes características socioculturais. Ali era localizado um antigo quilombo. No começo de 2010, os moradores organizaram o “Abraço ao Morro Alto da Sereia” para que o governo e a sociedade olhassem com carinho para a região e se empenhassem em melhorá-la.

Um beijo, um abraço, um aperto de mão. Mãos que se encontram, reencontram, se unem e formam uma corrente. Um círculo de amizade, de solidariedade e de trabalho. Um ciclo de capacitação, negócio, renda e sustentabilidade. É assim o funcionamento da Cooperativa do Alto da Sereia.

Abraço simbólico ao Morro Ato da Sereia.
Imagem: Divulgação

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