sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tic-tac, tic-tac... Dia da banca!

Bertolli, Lilian, Bel, Gaby e Mayra. Dia de apresentar TCC, bebê!

Tudo começou na madrugada de terça para quarta-feira, quando nós duas, Gabriela e Isabel, atrasadas que somos, começamos a fazer os slides para a apresentação do TCC, que aconteceria nas horas seguintes.

Era impressionante a calma que sentíamos naqueles momentos que antecediam a nossa banca, algo sobre o que conversamos e idealizamos a faculdade inteira. A quietude que se fez ali surpreendia a nós mesmas.

Com muita paciência e em poucos minutos, finalizamos os slides para a apresentação do TCC. O relógio já denunciava: eram mais de 4 horas. Nosso corpo e nossa mente imploravam por cama. Obedecemos, sem reclamar.

Foi só depois do dia já ter passado da metade, que nós resolvemos nos entregar a correria que já se anunciava na primeira visita à sacada do apartamento, logo depois de uma doce xícara de café.

Por mais que olhássemos o relógio e soubéssemos que ele fazia uma espécie de contagem regressiva para o grande momento, a calmaria da madrugada anterior insistia em nos dominar. A tarde foi passando...

Banho. Roupa. Maquiagem. Às 19h30 entramos no carro e seguimos para o campus da UNESP, onde nossa apresentação estava marcada para às 21h. Uma ansiedade começava a despertar dentro da gente e foi ainda mais evidenciada pelo "chá de cadeira" na faculdade. Chegamos cedo e a única opção era esperar!

Naquele momento, já tínhamos a sensação de que o relógio anunciaria a meia noite e o dia seguinte, mas não daria às “9 horas”. Apesar do “infinito”, no entanto, a hora da nossa banca chegou.

Três professores nos encaravam de forma simpática e quatro amigos próximos nos olhavam com curiosidade. Além dos pais da Bel, que davam conforto naquele momento tumultuado.

A apresentação, apenas duas vezes ensaiada em casa, fluiu... Durou meia hora, que, para a gente, pareceu 5 minutos. Foi tudo muito rápido e menos assustador do que nossos anseios temiam.

Hora de ouvir os nossos professores. A meiga Prof. Me. Lilian Martins inicia seu discurso. Uma crítica pequena - ou outra - e muitos elogios. A acolhedora Prof. Me. Mayra Fernanda Ferreira toma a fala para ela. Mais palavras motivadoras! Somos chamadas de empreendedoras, inovadoras e boas “contadoras de história”. Nossos olhos brilham e a gente não consegue conter o sorriso. Sempre revidado por elas.

O nosso orientador, Prof. Dr. Cláudio Bertolli, finaliza as discussões... Com mais palavras bonitas!

Todos os presentes – nós duas, os pais e amigos – são convidados, de maneira carismática, a se retirarem da sala. Nossa banca vai decidir a nota do TCC!

Seguimos para o corredor do Departamento de Comunicação Social, da UNESP, onde fuxicamos durante quatro anos. Os amigos aproveitam o break para nos oferecer abraços carinhosos e sinceros, enquanto “rasgam seda” para o blog. A gente sabe que eles são amigos, mas aqueles sorrisos de aprovação nos enchem de alegria.

Pessoas incríveis que dividiram a alegria e tensão com a gente!

Sorrisos que são interrompidos pela chegada do orientador, que pede para que retornemos a sala de apresentação. Todos ficam apreensivos e reencontram o conforto de suas respectivas cadeiras. A banca fica em pé e nossos amigos seguem o gesto. Não sabemos se, nesse momento, devíamos ter nos levantado também. Mas o medo era tanto que preferimos nos refugiar em nossos assentos. Sem hesitar – okay, só um pouco, para fazer um suspense – o orientador anuncia nossa nota: DEZ!

Abraços eufóricos, palavras amigas e sorrisos sinceros e recíprocos tomam conta do lugar. O dia 30 de novembro de 2011 jamais será esquecido por qualquer uma de nós duas. Dele, a gente sempre vai levar as mais lindas e doces memórias!

Enfim, jornalistas! E fuxiqueiras... E contadoras de (boas) histórias! Vida longa ao blog!


Gabriela Pagano e Isabel Minaré

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Alma de Peter Pan!

A divertida Sílvia Ferraz

A passarela está escura. No fundo, o telão exibe um degradê de cores e a gente consegue ver uma pequena silhueta. De repente, uma voz de criança começa a declamar:

- “Certa noite eu sonhei
que embaixo da cama havia um monstro medonho.
Acordei assustado
e fui olhar: de fato,
embaixo da cama estava um monstro medonho.
Ele me viu, sorriu
e me disse gentil:
‘Durma! Sou apenas o monstro dos seus sonhos.’”
(Poema de José Carlos Paes)

As luzes se acendem e a passarela é invadida por pequenos – e super estilosos - monstrengos. A trilha sonora é Live and Let Die, música de (Sir) Paul McCartney na versão do Pato Fu. Pertence ao álbum “Música de Brinquedo” da banda paulista. O som se encaixou tão bem ao desfile, que parece ter sido feito especialmente para ele.

Pois bem... Esses seres malignos desfilam seus trajes de gala com um “quê” de criatividade. Os bolsos da calça, quando colocados para fora, revelam monstros. A manga da blusa se estica tanto que “rela” no chão. Capuzes se transformam em máscaras. O bolso da blusa de frio vira luva para aquecer as mãos.

Mas quem será a “figurinista” dessas “criaturinhas” com tanta personalidade? Ela atende pelo nome de Sílvia Ferraz e o desfile em questão aconteceu no final de 2010, durante o concurso Ponto Zero, da Casa dos Criadores. Ela e sua criação “Tire o Monstro do Armário” venceram a disputa. A coleção é tão fofa e as crianças se divertem tanto que, quem não tem filho, fica até com vontade de ter, só pra vestir a prole com roupas tão autênticas como essas! Veja o vídeo do desfile:


Créditos: Portal UOL

Sílvia Ferraz nasceu em Campinas, no interior de São Paulo, tem 26 anos e uma alma “Peter Pan”.

- Me identifiquei com o público infantil, pois eu penso que nem eles! Vejo muita magia! Tenho uma imaginação muito fértil.

Pelo desfile, a gente percebe. Com tanta criatividade, Sílvia quase envergou para outra área profissional: queria ser publicitária ou artista plástica.

- Não sou daquelas que sempre sonhou em fazer moda, sempre estava de olhos nos desfiles mundiais e blábláblá... Sabia que iria para o lado de criação, mas não imaginava que meu universo estaria ali!

Foi só às véspera de prestar vestibular que a jovem paulista percebeu que seu caminho era a moda. Entrou na famosa Faculdade Santa Marcelina, onde se formou em 2008. Quando saiu de lá, resolveu criar uma espécie de “wishlist” para vida dela. O topo da lista? Acompanhem essa história...

- Bom dia! Gostaria de falar com o Ronaldo Fraga, por favor.

Foi assim que Sílvia conseguiu alcançar, logo de cara, o primeiro desejo da lista: trabalhar com o estilista mineiro Ronaldo Fraga. Naquele dia, Ronaldo não estava, mas Sílvia deixou recado com a secretária, para que ele retornasse a ligação.

- Quem me procurou foi a esposa dele. Consegui marcar um dia, e fui até BH de mala e cuia! Mostrei meu portfólio para ela e, no dia seguinte, marcamos de conversar junto com Ronaldo. - conta - Deu certo! Em um mês, fui com mudança para Minas!

Lá, Sílvia passou um ano e trabalhou na linha infantil “Filhotes” do estilista mineiro. Quem acha que Sílvia conhecia pessoas ligadas a Reinaldo, que serviram de ponte para o “emprego dos sonhos”, está enganado.

- Consegui o telefone da empresa através de pesquisa no Google! - dispara.

Mas quais seriam os próximos itens da lista de sonhos?

- Ah, tem muito o que caminhar ainda! Hoje minha marca é bem pequena, ainda não tenho espaço físico próprio. Tenho sonho de ter meu canto e poder expandir todas minhas idéias para o cenário deste espaço... Aí sim teremos o Universo Spirodiro montado!


Imaginação de criança, mulher de negócios

Para dar conta do negócio, Sílvia conta com a ajuda da mãe e da irmã, que é formada em Marketing. O irmão, que estudou Finanças e Administração, também dá apoio.
- É uma trajetória louca! Temos que pensar em tudo: desde o desenho, a costura, cor de linha, design de um flyer, estamparia... até um plano de marketing e custos de venda! Mas sei que isso é o começo. Então a gente segue, dia a dia aprendendo! Hoje já acho natural criar pensando no valor que ficará a peça.

“Tire o Monstro do Armário”:


Para ver mais fotos, clique aqui.

Todas as imagens dessa matéria foram gentilmente cedidas por Sílvia Ferraz.

Contra indicado para aracnofóbicos

Ela sobe pelas paredes até chegar ao teto. Calmamente vai tecendo sua teia. De mansinho, observa e interage com o ambiente. Não é agressiva, mas uma mordidinha pode ocasionar efeitos colaterais sem precedentes. Seu veneno: a moda sustentável.

Flávia deselvolve o EcoFashion.
Imagem: Divulgação
Estamos falando de Flávia Aranha. Dona da grife homônima, 27 anos, nasceu em Campinas, mas mora em São Paulo, onde fez faculdade de Moda na Santa Marcelina, e trabalha. Apaixonou-se pela costura e a tornou essência de sua vida. Ainda universitária, não gostava de fazer roupas que pudessem ser usadas. Não via desfiles. Não conhecia os estilistas que ditavam moda.

“Trabalho com moda porque gosto de fazer roupas, de me relacionar com toda a cadeia que envolve o processo de produção de uma peça e também pela possibilidade de ser um instrumento de comunicação”. É assim que Flávia define seu vínculo com a profissão.

Durante os estudos, aprendeu a mexer com gotas de vidro, que futuramente seriam usadas em sua coleção para a Osklen, seu primeiro trabalho profissional. Depois disso, Flávia visitou fábricas na China e na Índia para conferir de perto como funciona o tingimento das roupas.

Desvinculou-se da Ellus, marca em que trabalhava, e foi seguir seu rumo sozinha. Resultado: “se encontrou” – nos sentidos literal e figurado – na Moda Sustentável. Seu diferencial é colorir as peças com pigmentos e corantes naturais. “Ser sustentável é muito natural pra mim, faz parte da maneira como entendo a vida e as relações humanas” destaca a estilista.

Flávia desenvolve roupas, calçados e acessórios
com matéria-prima sustentável. Imagem: Divulgação


Tecendo com dificuldades


Mesmo com a naturalidade com o tema, tornar o Ecofashion realidade é um desafio para Flávia.

A matéria-prima artesanal, por exemplo, não é de fácil acesso e a escala é pequena. Ela tem que viajar bastante pelo interior do Brasil para descobrí-la junto ás comunidades que resgatam a cultura nacional. Outro problema é a banalização do assunto: “muita coisa é marketing, a palavra ‘sustentabilidade’ virou slogan”.

Flávia conta que a consciência do público também não é totalmente direcionada ao apelo de sustentabilidade: “Muitas vezes as pessoas estão dispostas a pagar pelo design, pelo o produto em si. Ajudar o meio ambiente não é a razão pelo consumo, mas evidentemente elas se sentem melhor por essa atitude”.

Tingimento natural é a marca da estilista.
Fotomontagem: Isabel Minaré
“Minhas clientes consomem outras marcas também e acredito que se fosse apenas para ajudar o meio ambiente plantariam árvores ou doariam dinheiro a instituições com esse foco. O que elas querem mesmo é ficar bonitas e se sentir bem ao mesmo tempo”, conclui a estilista.

Mesmo com as dificuldades, Flávia se destaca no mercado pela qualidade e diferença de sua marca. Ela foi a única a representar o Brasil na Alemanha, expondo e desfilando suas peças na "Thekey", feira de moda sustentável que aconteceu em Berlim em julho de 2010, paralela à Berlim Fashion Week. Atualmente além da loja na Vila Madalena e do e-commerce em seu site, Flávia vende sua marca na Suíça, Áustria, Alemanha e Japão. Para quem tem medo, não há antiveneno disponível para neutralizar o efeito dessa Aranha em seu corpo. O que resta é se entregar a ela e ficar bonita e cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo.


A fachada e o interior da loja Flávia Aranha.
Imagem: Divulgação

domingo, 27 de novembro de 2011

Minha roupa, minha namorada

O largo sorriso é o 'cartão de visitas' de Sônia.
Imagem: Isabel Minaré


A gente aperta a campainha e espera. O tempo quente de Uberaba, Minas Gerais, apressa a vontade de sua chegada. Ouvimos passos, mas não vemos nada além do muro alto e do portão marrom. Ela destranca a porta e com aquele largo sorriso diz: “Oi, tudo bão? Vamo chegano que o sol muito forte. Entra, fica á vontade!”. Assim sou recebida por Sônia Aparecida Soares Gomes, a costureira que há 47 anos faz a felicidade dos outros passar por suas mãos.

“Menina de tudo”, como ela mesma define, estreou na costura. Começou e nunca parou, pois gosta mesmo do que faz. Nada a atrapalha, nada é difícil. Ela se realiza com seu trabalho. “Minhas clientes falam que eu namoro a roupa que faço. A hora que vou colocá-la pronta no pacote, já olho como se fosse minha. Eu mesma falo que ficou linda, maravilhosa”. E se despede, pronta para outro serviço. E outro namoro.


Rotina de amor, família e trabalho

O ateliê abre ás oito da manhã. Abre a janela, liga o rádio, vê que tecido pegar e vai costurar. Pausa para o almoço, depois retoma. Quando os três filhos chegam, ás seis da tarde, pára outra vez para o cafézinho e também para colocar o papo em dia. Saber deles, escutá-los, perguntar da vida, orientá-los. Enfim, ser mãe. E depois, volta para o ateliê. Já aconteceu de passar doze horas no seu cantinho. Hoje diminuiu o ritmo, “nove já estão de bom tamanho”!

Aos 14 anos fez o curso de Corte e Costura, famoso para quem queria seguir na área. Já foi modista e experimentou a Alta Costura. Faz qualquer tipo de peça, seja blazer, vestido de festa e até fantasia. “Cada dia a gente vai praticando mais e melhorando a qualidade”. Deve ser esse o segredo para ter conseguido, em média, 80 clientes. São tantas encomendas que ela não trabalha para quem já não conheça. Ela não está interessada em fazer novas clientes. “É muito difícil eu pegar porque senão é mais uma para minha clientela e eu não dou conta”.

Sônia nasceu em Barretos, foi para Santa Helena de Goiás, voltou para Barretos, de lá para Ribeirão Preto e chegou a Uberaba. “Em todo lugar sempre fui cheia de clientes. Qualquer trabalho bem feito, você faz uma freguesia rápido”. Com tanto serviço não sobra tempo para prestar atenção nos figurinos das novelas nem no que ‘está usando’ nas ruas. “Muitas vezes elas me telefonam e pedem para eu ligar a TV para ver determinada roupa e desenhar. Depois elas vêm e perguntam se vão ficar bem naquele modelo e qual tecido comprar”.


Do filme direto para o corpo

Com tantos anos de profissão, sempre tem um roupa especial: “Fiz um vestido vermelho do filme 'Uma Linda Mulher'. A cliente me trouxe o vídeo e fiz a roupa dela. Ela parou o vídeo e fiz igualzinho”. Comparando a Moda daquela época com a de hoje, Sônia acredita que tudo está mais bonito, versátil e diferente. “A Moda está muito misturada. A gente mistura, coloca renda, zíper e a roupa fica maravilhosa”. É assim que reaproveita as sobras de tecidos e pratica a sustentabilidade.

Sônia tem seu ateliê anexo a sua casa, mas nunca permitiu que sua vida particular afetasse seu trabalho. “Tenho uma cliente que fala que sou atriz. Ela nunca me viu de cara feia, mesmo com tantos problemas. Pode ter acontecido o que for na minha casa, mas no meu quartinho sou outra pessoa”. E lá se dedica a “fazer o seu melhor”, todos os dias. “Eu entrego uma roupa bem feita, sou muito caprichosa, gosto de roupa bem acabada. Gosto da roupa bonita, que você veste e sente bem. Eu fico satisfeita e realizada”. E com sua alegria, vai vestindo as pessoas e as fazendo felizes.

Julia Roberts e Richard Gere em 'Uma Linda Mulher'.
Imagem: Divulgação

É uma loja? É um ateliê? É um brechó? Não! É uma “Miscelânea”!

A multitalentosa Dagma // Imagem: Gabriela Pagano

Uma “mistura de várias coisas”. É assim que o dicionário Michaelis define a palavra “miscelânea”. E não existe outra palavra, a não ser “miscelânea”, que possa definir o negócio de Dagma Marques, na movimentada Rua Saint Martin, em Bauru.

Na loja/ateliê/(ex)outlet Miscelânea tudo está a venda, inclusive os móveis. A loja começou como um outlet da Melissa, Cavalera e Iódice. E era onde Dagma, que tinha acabado de largar o emprego como gerente de loja no shopping, podia vender seus acessórios. Ela é uma designer de jóias autodidata.

- Eu queria um lugar para vender as minhas coisas, mas eu queria fazer, também, um monte de coisas. Eu queria um lugar pra vender. Vender roupas, vender móveis.

Como Dagma não tinha muito dinheiro para investir no negócio, ela resolveu optar pelo chamado outlet. O conceito é assim: ela pegava roupas consignadas de lojas em Bauru - coleções passadas -, e vendia a preços mais baixos em seu estabelecimento. Com o tempo, ela começou também a customizar roupas compradas nas viagens a Santa Catarina e São Paulo. As clientes gostaram tanto que, hoje, um ano depois da inauguração, as peças customizadas vendem bem mais que as roupas do outlet.

- As peças de outlet começaram a ficar paradas. Então, eu fui automaticamente partindo pra esse lado, de ateliê, de customização.

As bolsas são de uma designer bauruense que
mora no Rio // Imagem: Gabriela Pagano
Além de vender roupas, acessórios e os próprios móveis da loja – Dagma conta que a única coisa, ali no espaço, que não está à venda, é a máquina de costurar! – ela também organiza oficinas de corte e costura e bazares. As oficinas são ministradas pela Lívia Perrocca, do SENAC Bauru. Já os bazares são mais movimentados. Cerca de 20 artistas bauruenses expõem suas obras (sejam roupas, quadros, tudo o que for arte!) na loja e, no quintal, enorme, há apresentação de uma banda e bar. O bazar é conhecido na cidade, já que antes de virar a “Miscelânea”, a “casa amarela” abrigava o ateliê Ser do Bem, que, há mais quatro anos, já organizava o evento.

- É uma maneira bem legal de divulgar, porque a partir do momento que você chama uma pessoa para participar, essa pessoa vai chamar quem ela conhece. Quanto mais participantes, mais gente fica sabendo que tem o bazar. E mais gente vem conhecer.

Nesse momento, a gente chega à conclusão: tudo acontece na Miscelânea! E qual seria o estilo desse mundo tão eclético? A resposta de Dagma é quase óbvia:

- Difícil, viu? Tem bastante coisa romântica, uma coisa mais moderna, retrô. Tem um monte de coisas antigas, meio vintage. Não tem um estilo certo.

Okay, Dagma. Mas e quanto ao público-alvo?

- Não tenho. Eu tenho clientes crianças – entrando na adolescência -, eu tenho senhoras de idade, pelo fato de eu ter móveis, determinados acessórios. A intenção é atingir todo o público.

É, pelo jeito a única coisa que define a Miscelânea é só “miscelânea” mesmo. E qual a peça que vende mais?

- Jeans, eu vendo bastante. Vendo mais os shorts jeans que eu customizo.

Dagma diz que não é possível definir o estilo da Miscelânea //
Imagem: Gabriela Pagano

E se ao olhar o jeans, você se apaixonar pelo cabide personalizado, cheio de renda, não tem problema. Ele também está a venda. Ali, as blusas custam em média 25 reais. Os shorts, 30. Tem jaqueta de 300 reais. A loja, aliás, é cheia de tules e rendas e, cada vez mais, a gente tem a impressão de estar num mundo encantado, num conto de fadas. Será que todas as pessoas gostam?
 
- Tem pessoas que “dão uma assustada”, perguntam se é brechó. Se a pessoa não gosta desse estilo, de um monte de coisas, já vê de cara e não gosta. E não volta mais. Mas a maioria que vê e gosta, volta.

Quem passar distraído pela Rua Saint Martin pode mesmo não reparar na existência do ateliê. O casarão amarelo não tem vitrine e apenas uma plaquinha discreta anuncia o mundo encantado que se esconde ali. A vitrine da loja, de verdade, é o álbum de fotos do Facebook.

- Os clientes que eu tenho, a maioria, são da Internet. Pessoas que eu adiciono, daqui de Bauru, acabam vendo foto, gostando, perguntam preço e vêm aqui na loja. Precisa fazer propaganda. Ainda mais aqui na loja, que não tem vitrine.

Parece que estamos em frente a uma empreendedora!

- Não sei... Se for ver, sou né? A loja é minha, divulgo sozinha, crio sozinha...

Cantinho do ateliê // Imagem: Gabriela Pagano
O trabalho é duro e o dinheiro dá apenas para pagar as contas. Dagma diz que ganhava mais como gerente de loja. Mas garante: não troca essa liberdade da Miscelânea por nada! Que ela é uma artista nata, ninguém duvida. Será que existe uma mulher de negócios ali dentro?


- Eu queria muito alguém que fizesse essa parte, da contabilidade. Eu sou uma artista, eu quero criar só... (risos). É uma coisa que eu faço, porque tenho que fazer. Mas minha intenção é ter alguém pra fazer isso para mim.

Dizem que vender é uma arte...
- É muito fácil vender. Gosto de deixar a pessoa à vontade, de tirar aquela coisa de loja. Quero passar a impressão de ateliê, de casa. Lógico que quero que ela leve a roupa, mas o que eu mais quero é deixar a pessoa à vontade. Quando entra alguém e começo a atender, eu esqueço tudo. Esqueço de problema, de conta...

Negócios a parte, a Miscelânea é um charme!

Serviço: A loja/ateliê Miscelânea fica localizada na Rua Saint Martin, 16-34. Telefones para contato: (14)  3243 0658, (14) 9109 1217 e (14) 9123 8581.

Sacada de mercado que deu certo

T-shirts e polo da Brave Menswear.
Fotomontagem: Isabel Minaré


A majestade da floresta evoca força, coragem e poder. Transporta consigo virtudes como saúde e vitalidade. É um animal próprio para a liderança, proteção e autoconfiança. O leão faz parte do conceito e do logotipo da Brave Menswear, marca online de roupas masculinas que tem como público-alvo jovens tanto de idade como de espírito.

“Os nossos consumidores têm como base o desejo, a curiosidade e prezam muito por autenticidade. Estão ligados nas últimas tendências e inovações”, descreve Gustavo Menna, 27 anos, que em parceria com seu irmão Leandro criou a marca. A irmandade, tanto na família quanto nos negócios, deu tão certo que, do espaço digital, as roupas foram parar nas lojas multimarcas de Campinas, terra natal dos meninos, e região.

Gustavo apostou no e-commerce masculino.
 Imagem: Arquivo Pessoal
A marca nasceu em 2010 e foi uma “oportunidade de mercado somado ao know-how” dos fundadores, como eles mesmos definem. Quando começaram a pensar no empreendimento, observaram que o e-commerce de moda era um mercado crescente e que nele havia uma lacuna para roupas masculinas. Fora isso, a formação dos dois propiciou uma sociedade inteligente e dinâmica. Gustavo cuida do marketing e da administração, e Leandro fica por conta da criação e da parte gráfica da marca e do site. A confecção e o setor tecnológico são terceirizados.

Aprenda mais no bate-bola com Gustavo Menna sobre seu e-commerce:

Em termos técnicos, foi difícil abrir o site? O processo de vendas online foi muito burocrático?
No começo desenvolvemos uma plataforma totalmente customizada, mas os custos para crescermos ficaram muito altos. Por essa razão, reformulamos o site todo. Acredito que o processo de vendas seja menos burocrático que o offline, pois há várias facilidades. Nos meios de pagamento, por exemplo, não é preciso ter contrato com todas as operadores de cartão de crédito. Empresas como Pagseguro, PayPal, Pagamento Digital cuidam de tudo isso para os varejistas online.

Quais as dificuldades e facilidades em abrir uma loja por e-commerce?
Os principais fatores a serem avaliados são: plataforma do site, divulgação, capacidade de atendimento ao cliente e logística. Abrir um e-commerce é muito fácil e barato, existem diversas plataformas alugadas que você paga R$49,90 por mês e já pode começar a vender para o Brasil inteiro, você mesmo pode configurar a sua campanha de marketing pelo Google, não precisar ter uma estrutura física muito grande. É importante ressaltar que não adianta começar sem conhecer nada do setor. Antes de tudo é preciso se atualizar.

Como trabalham a divulgação?
Nossa divulgação é 100% online, exploramos bastante o nosso blog que nos ajuda a gerar conteúdo nas mídias sociais, principalmente Facebook e Twitter. Trabalhamos com e-mail marketing, anunciamos em blogs de moda masculina e utilizamos a rede de display (banners) do Google.

A carismática Nanda Alonso

Fernanda Alonso de Le Retrô
Quando Nanda Alonso entrou no “Cafézinho”, em Bauru, usando um simpático vestido verde (de sua própria coleção) e sorriso estampado no rosto, para conversar com a gente, pensei “Nossa, mas ela é tão novinha!”.

Logo de cara, quisemos saber a idade dela: 28 anos. Era um pouco mais velha do que aparentava, mas ainda assim muito jovem. Cheia de idéias e experiências! 

“Eu não me lembro, na minha vida inteira, de um dia ter pensado em fazer outra coisa”, foi assim que Nanda justificou a escolha pela profissão. Na família, não existem comerciantes ou empresários que sirvam de modelo para a jovem. A não ser o bisavô, que era alfaiate, e a mulher dele, a bisavó de Nanda, que ajudava com as costuras. Pessoas que ela nem conheceu. “Minha família que fala ‘Ah, você tem o sangue do vô Gabriel!’”, contou orgulhosa.

Bom, a conversa com Fernanda Alonso Moreira, nascida em Bauru mesmo, rendeu umas duas horas. E terminou com café, claro, e uma conversa humorada sobre um vestido de noiva!

Primeiro... Por que Le Retrô?
Porque eu gosto do estilo de moda retro. Como é das décadas passadas, você pode usar tudo, não fica limitado a nada. Eu gosto de francês também. E como tem tudo a ver com moda, queria dar uma “afrancesada” no “Retrô”.

Você faz moda feminina adulta e tem uma parte para crianças, meninas. Qual o motivo?
O feminino nasceu antes do infantil. O infantil só faz dois meses que eu faço. O feminino porque, potencialmente, a mulher é muito mais consumista que o homem. Então, foi por isso, pra girar mais rápido. E, depois, a criança, porque é o que eu entendo, é o que eu sei. Eu queria começar com alguma coisa mais firme. Achei que o feminino, para mim, era mais fácil. Eu quero ainda fazer o masculino, tanto no infantil, quanto no adulto. Só que eu acho que cada passo tem que se firmar de uma vez.

O que é difícil e o que é fácil para fazer a sua moda?
Como eu sempre gostei de Moda, para mim, é muito fácil a parte da criação. E o mais difícil para mim é a administração. É uma coisa que eu estou aprendendo muito, porque é um pouco deficiente nas disciplinas, não tem tanta ênfase na faculdade de moda pra que você seja uma administradora de moda.

Você tem uma equipe?
Não, eu trabalho sozinha. Eu faço todo o processo de criação. E é um processo de criação artesanal, porque as peças são exclusivas. Então, eu faço tudo, desde a hora que eu vejo um tecido, que eu imagino que aquele tecido vai ser certa peça. Depois, eu faço a modelagem, eu corto, aí eu mando para a costureira. Não tenho uma equipe, mas tenho as costureiras, que são terceirizadas. Depois, a peça volta para mim, fechada, e aí eu pinto, mancho, faço aplicação, o que precisar do pós-costura. E aí a parte de vendas... Eu faço tudo!

E de onde vem sua matéria-prima?
De São Paulo. Eu compro tudo em São Paulo.

E como é sua participação em feiras?
Minha maior fonte de renda são as feiras. Eu faço feira da Benedito, que são as feiras fixas. Eu já fiz Mercado Pop. E A Qualquer Coisa - foi a minha mais forte. Mas eu também faço feiras de bairros, que são as feiras de artes, que são esporádicas. Então, a Feira do Brooklin, Vila Madalena, Pompéia, o que vai tendo no calendário do ano.

E como funcionam essas feiras? Você tem um stand?
As feiras fechadas, que são as fixas, são stands. E as feiras de rua são as barracas. Geralmente, as feiras de rua são só de um dia. No Brooklin são dois, mas as outras feiras são sempre de um dia. As fixas... O Mercado Pop são sempre todos os dias e A Qualquer Coisa, aos sábados.

Como surgem as oportunidades de trabalhar nas feiras?
As feiras de rua são mais fáceis, porque, geralmente, só tem que ir no começo da abertura de inscrição que você consegue. As feiras fixas são mais difíceis, tem feira que eu já fiquei mais de um ano esperando. E tem feira que eu ainda estou esperando, já faz mais de um ano que eu estou na lista de espera. Então, você fica na lista de espera, geralmente, uns três meses antes de ser o “seu” mês, porque são contratos mensais, a responsável pela feira te chama, conhece seu produto.

Aprovado através de portfólio?
Não, é pessoal, você leva as peças, também porque eles querem ver qualidade. Geralmente é a consultora de feira quem faz isso. Eles conhecem o produto e já te falam na hora se você está aprovado ou não.

Seu lucro é de quanto?
Varia muito de feira para feira. Depende da quantidade de peças do infantil e do adulto. Meu lucro é maior no adulto do que no infantil. Aí, depende se vende mais uma ou outra. Não tenho uma média. Em feira, fixa, dá mais pra ter uma média, porque soma os sábados e divide por 4. Mas as de rua variam batante, se chove, se não chove, aquela coisa. E São Paulo tem isso, né? Tudo é garoa... (risos)

Qual o valor mínimo e o valor máximo das suas peças?
O infantil não varia muito, de 49 a 65 reais. E o adulto varia mais um pouquinho, tem as peças básicas, batinhas... De R$ 29 até os vestidos longos, sempre despojados, eu não trabalho com festa, que chegam a 200 ou 230 reais.

Como são as vendas?
Tem a lojinha on-line. A principal fonte são as feiras. Mas também como é pequeno, ainda, tem muito boca-a-boca, tem as amigas, tem as amigas das amigas... Tem uma amiga que usa uma peça, daí a amiga dela gostou. “Ah, vamos fazer uma reuniãozinha em casa”, daí eu levo as peças, a gente faz um chá...

Hoje, você consegue sobreviver com a renda do seu trabalho?
Só com a renda do meu trabalho. Não é que “Nossa! Como ganha dinheiro!”, mas para me manter, dá.

Você sentiu dificuldade de trabalhar no interior?
Não, para mim é muito bom porque tem qualidade na mão de obra, não é uma mão de obra cara, então, posso fazer toda a minha produção aqui. Essa é a minha maior vantagem. E vender, realmente, eu não vendo tanto aqui. Vendo lá, porque também já tenho um histórico de feira muito grande, então já entrei com tudo pronto, né?

Você sempre se considerou uma empreendedora?
Sempre. Nunca quis trabalhar na ZOOMP, na Fórum, nem na Chanel, sabe? Sempre pensei que queria ter minha própria marca. Talvez porque eu pudesse fazer mais diferença no mundo com a minha marca.

Dinheiro mesmo, você investiu?
Investi. Não fiz empréstimo. Em uma das empresas que eu trabalhava, eu tinha percebido isso, que a dona pagava tudo à vista. Eu via que tudo o que ela colocava a mão virava ouro (risos). E eu achei que uma das coisas para dar certo era isso: pagar à vista. Mas não precisei de tanto dinheiro porque, por exemplo, de maquinário, eu não tenho nada. É tudo terceirizado. É tudo arte feito, né? É tudo manual...

Além disso, você foi procurar o Sebrae, algum livro a parte?
Não, eu tive uma ajuda, porque meu pai é contador, então, ele que me ajudou um pouquinho com essa parte de administração. Ele que abriu a empresa para mim. No dia-a-dia de empresa, como administrador, é muito simples. São várias tabelas de Excel, tenho uma planilha de entrada, uma planilha de controle de saída, meu planejamento de quanto eu vou precisar produzir, então quantas peças são, quanto vai ser esse encaixe, quanto vou precisar gastar. Então, eu vejo quanto entrou... Faz um mês pelo outro, né? O tanto que eu ganhei mês passado é o tanto que eu vou gastar mês que vem. O mês que eu estou é como vazio, não conta.


Sobre o vestido de noiva...
- Começou assim, dei uma idéia de vestido e ela (amiga que vai se casar) não encontrou. Aí, “você que deu a idéia, você tem que fazer (o vestido). Então vamos fazer, vamos comprar tecido.” E foi super legal, foi uma experiência super tranqüila, porque ela é super aberta, daí a gente escolheu o tecido juntas, eu gostei do mesmo que ela gostou. Mas é caríssimo tudo de noiva! E só por ser branca a mesma renda que preta é 100, branca é 300 reais. Mas eu estou gostando, estou aprendendo. É diferente de quando fiz TCC (vestido de noiva). Eu só desenhei e mandei para a costureira. E agora eu estou fazendo, estou cortando... Viajo para Agudos todos os dias, minha costureira é de lá.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A vizinha de Marc Jacobs e Christian Dior

Quem vê Bianca Ranucci desfilar os lisíssimos cabelos loiros e rosto exótico por sua loja, na Oscar Freire, em São Paulo, pode até achar que se trata de uma ex-modelo que virou estilista. Não é o caso. Ao invés dos ateliês de costura, Bianca quase frequentou os tribunais de Justiça. Foi só no terceiro ano da faculdade de Direito, que ela decidiu se entregar a uma paixão antiga: a moda.

Durante a faculdade, Bianca fazia estágio em um dos principais escritórios de advocacia de São Paulo. Mesmo assim, ao lado de três amigas, ela decidiu criar coragem e se aventurar no mundo das linhas e costuras. Em 2003, quando se formou, a marca Lolie já estava no mercado.

No primeiro ano de existência, uma das sócias desistiu do negócio. Com quatro anos e meio no mercado, outra amiga decidiu dar um tempo. Bianca ainda contava com a última sócia e as duas continuaram a produzir peças para a Lolie a todo ruir de máquinas – de costura!

Foi na época da Lolie que Bianca foi apresentada ao poderoso Paulo Borges, da Luminosidade e idealizador da São Paulo Fashion Week. A marca desfilou em duas edições do Amni Hot Spot, palco de novos estilistas. Da experiência, Bianca ganhou a maturidade.

- Nunca me esqueço de um desfile marcado em cima da hora e que nós, estilistas, estávamos tentando convencer o Paulo Borges a mudar a data para dar tempo de preparar a coleção. Liguei na Luminosidade e pedi a alteração da data, o Paulo me respondeu ‘Crescer dói’. E não é que eu cresci mesmo?!

Cresceu tanto que, hoje, Bianca Ranucci tem uma marca própria, que leva seu nome, em uma das ruas mais luxuosas do mundo: a Oscar Freire, em São Paulo. A estudante de Direito, que não tinha nenhum sangue estilista correndo nas veias, é vizinha de marcas como Marc Jacobs, Louis Vuitton e Christian Dior.

O que aconteceu com a Lolie? A terceira sócia desistiu do projeto e Bianca viu que não fazia sentido continuar com a marca. Ela foi, então, buscar sua identidade em um trabalho solo.

Bianca Ranucci é conhecida pelas criações de cores fantasiosas


Marca de sucesso

Hoje, quatro anos depois de lançar a “Bianca Ranucci”, a grife tem clientes como as atrizes globais Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano. Sabrina Sato, vira e mexe, aparece usando uma peça de Bianca. Atriz de novela ou não, cada cliente tem um espaço especial.

- Não me permito fazer mais de dez peças por modelo, sendo que cada peça tem uma combinação de cor diferente da outra. Quero que minha cliente entre na loja e tenha uma experiência única, pela sensação de ninguém mais ter uma peça exatamente como a sua.

Sabe aquela dica de que “menos é mais” na hora de compor um look? Bianca acredita que o clichê também seja certeiro para montar uma equipe de trabalho.

- Minha equipe é enxuta. Contamos com um administrador, um financeiro, uma pessoa totalmente responsável pelos contatos externos com fornecedores em geral, compras e produção, uma estagiária, um vendedor, uma copeira e arrumadeira, um motorista, Vallet, um segurança e assessoria de imprensa.

Bianca não cuida pessoalmente das finanças da loja, mas faz questão de ser informada sobre qualquer decisão. Ela acredita que pessoas competentes e confiáveis são fundamentais para o êxito de qualquer empresa.

Imagens: Bianca Ranucci

20 anos em cima da máquina de costura

Duas costureiras de Bauru, duas visões, dois públicos, dois mundos. Em comum, o tempo de serviço e a felicidade em costurar.


Simplicidade á toda prova

Maria de Lourdes em frente a sua casa
 e a seu ateliê. Imagem: Isabel Minaré

Foi numa manhã de um sábado alegre, com o sol estalando no céu sem nuvens de Bauru, que fomos de encontro ao bairro Ferradura Mirim, localizado na periferia da cidade. Saímos atrasadas para pegar o ônibus. Durante a espera para pegá-lo, uma senhora chegou e ficamos conversando. Gentil, nos recomendou o momento certo de “puxar a cordinha”. “Ó, o ônibus chegou”, foi seu sinal de alerta.

O trajeto foi um pouquinho longo. Nossa “colega” desceu antes de nós, mas deixou seu sorriso como despedida. Dois pontos depois, já estávamos no Ferradura. Perdidas, ficamos pensando onde ficava a costureira que nos falaram. “Nos encontramos” quando vimos o ponto de referência: a loja de ração. Na esquina é a casa da costureira.

Maria de Lourdes Oliveira trabalha há vinte anos com costura. Nasceu em Pernambuco, morou em São Paulo e veio para Bauru, sempre costurando. “É o que eu gosto de fazer. Já tentei sair fora, trabalhar em outro serviço, mas não consigo. Volto para costurar de novo. Não adianta!”, diz rindo.

Ela atende mais os pedidos dos moradores do bairro, mas também tem clientes de fora. Faz roupa social e consertos (barra, zíper, ajuste). Copia modelos de revista, de desenhos no papel e até inventa alguns. Dificuldades? Não tem, mas conta que é preciso ter muita paciência e boa visão: “A costura não puxa pelo físico, mas pela mente da gente. É mais a mente e a vista da gente. Tem que usar óculos, principalmente”.

Maria de Lourdes gosta muito de trabalhar no Ferradura, pois “o pessoal é tudo gente boa, paga direitinho e nunca deu o calote”. No final da conversa, seu marido, dono da loja de ração, que passou o tempo todo nos observando, disse na hora da foto: - Não tenha medo do retrato, você é muito linda, meu amor!”. Depois desse elogio, não tinha como não terminarmos a entrevista felizes.


Cristais de Swarovski e de alegria


Daminhas também têm espaço no ateliê da Rose.
Imagem: Isabel Minaré

“Ganhei o dom da minha mãe. Ela faleceu e o dom ficou pra mim”. É assim que Roselaine da Silva, a Rose, me apresenta ao seu trabalho. Costureira há vinte anos, Rose inaugurou seu ateliê com poucas roupas que tinha em casa. Lá ela aluga tanto vestidos de festa, comprados em São Paulo, como de noiva, confeccionados por ela mesma.

Os modelos saem das páginas da revista e, posteriormente, ela troca ideias com as clientes para ‘dar a cara ideal para aquele corpo’. “Antigamente todos faziam seus vestidos e ás vezes tinha até medo de emprestar de alguém porque diziam que a sorte do casamento passava para a outra”, conta rindo. “Hoje já não tem mais essa superstição e as pessoas alugam. Aquelas que têm mais condição fazem o primeiro aluguel”, completa.

Rose, seu netinho e as criações dedicadas
ás noivas. Imagem: Isabel Minaré
Seu preço varia de R$ 400,00 a R$4500,00. Os mais caros contam com rendas e pedras, como os cristais Swarovski. Rose explica que, além da matéria-prima, o valor está agregado ao fato de ser “vestido de noiva”: “Você ganha R$ 1000,00, R$ 1.200,00, R$ 1.500,00 em cima dele”, argumenta. Além disso, ele é “sob medida”, feito para aquela pessoa.


Rose fez o curso de Corte e Costura e aprendeu o ofício no ateliê de outros estilistas da cidade. Ela confessa que para trabalhar com Moda é preciso ter alguns valores: “A costura me deu e requer muita paciência. Se não tiver paciência e amor, é muito difícil continuar”.

A costureira, que já foi para França, Portugal, Espanha e Inglaterra, resume seu amor pela profissão: “Quando pego um vestido de noiva para fazer, eu me delicio porque ele não é uma roupa costumeira que você vai à loja comprar todos os dias. É uma cerimônia que é um decreto de Deus na Terra. É um casamento, uma oficialização de duas pessoas que se juntam, que se amam”, finaliza.

O paulista que conquistou a América!


Ele é paulista, de Pindamonhangaba. Mas foi em Chicago, nos Estados Unidos, que Diego Rocha se entregou à vocação pela moda e vem conquistando o mercado dos acessórios. Em outubro, ele estreou em um reality show da TV americana.

Aqui no Brasil, Diego trabalhava como gerente financeiro de uma empresa na cidade de São Paulo. Decidiu, então, dar um tempo e pegou um avião rumo à Nova Iorque, para estudar inglês. Nas horas de folga, ele gostava de observar as mulheres americanas que circulavam pelo maior centro financeiro mundial. Da prática, veio a curiosidade por um acessório em específico: as bolsas. O brasileiro queria saber como elas eram costuradas. Resolveu aprender. “Minha mãe foi Pattern Maker (modelista) por anos e trabalhou com nomes da moda no Brasil, como Clodovil, Reinaldo Lourenço, Denner. Acho que estava na família”, aposta ele na genética.

Sua primeira bolsa foi vendida em 2002, durante um evento de moda promovido por um amigo, em Nova Iorque mesmo. O preço? 60 dólares. De lá pra cá, o designer nunca mais parou. Transferiu-se para Chicago, onde a irmã morava, e quis ficar por lá. “Um dia, estive aqui para visitá-la e me apaixonei pela cidade. Para mim é a cidade mais bonita do país!”, declara-se.

Nove anos mais tarde, desde que a primeira venda foi consumada, os preços das bolsas, claro, já não são mais os mesmos. Um produto assinado por Diego Rocha custa entre U$700 e U$ 3500. As americanas estão dispostas a abrir as bolsas e retirar a carteira! “Minha cliente é uma mulher que usa Hermes, Prada, Gucci. Elas me vêem como o designer de bolsas especiais porque são feitas para uma ocasião especial”, garante.


As criações

A matéria-prima utilizada pelo designer brasileiro é considerada de alto luxo. Ele trabalha apenas com peles exóticas, como crocodilo, avestruz, python (uma espécie de cobra) e lizard (lagarto). Nos Estados Unidos, é difícil encontrar designers que optem por esses materiais, pois é preciso costurá-lo à mão e isso exige tempo. “Não tem como cortar as peles numa máquina, porque você precisa entender cada centímetro do animal”, revela Diego, defendendo que suas bolsas não são feitas para serem usadas no dia a dia.

Para dar conta de um trabalho tão detalhista, Diego tem a ajuda de mais três pessoas. Todo o processo é feito à mão, com corte, colagem e costura. Diego faz questão de finalizar todas as bolsas que levam seu nome. Cada criação demora de 1 a 5 dias para ficar pronta. Diego justifica: “não é simplesmente uma bolsa, mas uma obra de arte”.

Sua “obra de arte” mais famosa é a bolsa Baby Jane, que ganhou o Independent Handbags Awards, em 2011, considerado o “Oscar dos acessórios”. A Baby Jane foi feita com pele de avestruz e inspirada nos anos 1940. Sobre a utilização de peles para produzir as bolsas, Diego garante que “não existe nenhuma resistência entre os americanos para esse tipo de material”.

Diego acredita que suas peças tenham espaço entre as brasileiras. “O mercado de alto luxo no Brasil só cresce. As brasileiras com alto estilo estão querendo show off, uma peça exclusiva feita para elas e totalmente chique”, avalia.

A premiada "Baby Jane"



Palavras-chave

Se ele se considera um empreendedor? “Começar um negócio fora do Brasil, sem experiência, e ter o reconhecimento que tenho, não é para qualquer um. E posso te dizer que é somente o começo”, afirma.

É só o começo mesmo. No dia 27 de outubro, Diego estreou como um dos 12 participantes do reality show Project Accessory, do canal americano Lifetime. O programa segue os mesmos moldes do conhecido Project Runaway e é uma disputa entre talentosos designers. Kelly Osbourne está entre as juradas convidadas.

Quando indagado sobre a fórmula do sucesso, Diego é direto. “Networking, fazer o que gosta e acreditar no que faz.”

No vídeo abaixo, é possível ver o processo de produção de Diego Rocha:



Para mais fotos, clique aqui.

Todas as imagens dessa matéria foram gentilmente cedidas por Diego Rocha.

"Queremos ser a cara do Brasil!"

Natália faz parte da equipe de criação
da marca. Imagem: Isabel Minaré
A Chica Brasil, especializada em moda praia e casual, já existia em Bauru, interior de São Paulo, quando Caio Coube, político da região e ex-dono da Tilibra, decidiu comprá-la. Da antiga marca, só restou o nome. Tudo foi modificado: prédio, maquinário, equipe e estilo. A ampliação foi o pontapé para a construção de uma nova imagem e a conquista de novos mercados.


Natália Orlandini, 24 anos, é uma das estilistas e faz parte da Chica Brasil há um ano e meio. A moda sempre esteve presente em sua vida. Quando morava em Piracicaba, também no interior de São Paulo, vivia dentro da boutique de sua mãe: acompanhava as tendências, fazia compras, vendia e conhecia os gostos das clientes. Decidiu mudar para São Paulo e fazer faculdade na área. Em uma feira de negócios conheceu Caio, que se interessou por seu estilo e a convidou para trabalhar em Bauru. Desde então, faz parte da equipe de criação. ‘Aquarelas’, que está nas vitrines, é a sua terceira coleção na marca e tem caído no gosto das consumidoras.

A Chica Brasil produz moda praia e casual.
Imagem: Isabel Minaré


Conhecendo a marca

Por conta da sazonalidade do tempo, a Chica Brasil adicionou a moda casual à sua produtividade. Ela está presente o ano todo nas lojas, ao contrário da moda praia que só aparece na primavera-verão. “São roupas para o final de semana. É um dia a dia, mas que dá para sair à noite”, é como Natália define o casual que produz.
Coleção Verão 2011/2012 Chica Brasil.
Fotomontagem: Isabel Minaré

Os consumidores da marca são da classe A e B e as peças procuram atender a todos os gostos e idades. “Hoje o biquíni não é tão vulgar. Eles estão maiores, por mais que tenha aquela coisa do ‘biquíni brasileiro’. A mulher está interessada em se sentir bem. Por isso nos preocupamos tanto com a modelagem”, explica.

A fábrica é sediada em Bauru e possui três lojas na cidade. Também está presente em Londrina, no Paraná. Ao todo são 25 funcionários para cuidar de uma demanda de 50 multimarcas espalhadas pelo Brasil.


Produzindo as peças

A produção da Chica Brasil é feita em Bauru. As coleções começam com pesquisas a partir do clipping diário de sites de moda do Brasil e do mundo e recorte de jornais e revistas. O objetivo é identificar as tendências. O passo seguinte é escolher as estampas, consideradas o carro-chefe da marca. Elas podem vir prontas dos distribuidores ou confeccionadas em estúdio. Além de escolher, é preciso pensar na coloração para personalizá-las. Depois é ver quais tipos de peças combinam com os tecidos. Existem modelos campeões de vendas que nunca saem das coleções, mas todo ano lançam novidades no mercado. Enquanto os fornecedores colorem os tecidos, as estilistas pensam nos modelos.

Mas não é tão fácil e sistêmico quanto parece. “Fazer a peça piloto é simples, pois é só uma. Quando se trata de produção, pode ser que algo não seja muito viável. Temos que acompanhar tudo e ainda se dedicar à próxima coleção”, esclarece Natália. Mas, a maior dificuldade para a marca é estar no interior. “Tudo acontece na capital. Quando você está em São Paulo e tem algum problema com a estampa, é muito mais rápido para resolver. O tempo que a gente perde com transporte é muito grande”, completa.

Produção funciona a todo vapor.
Imagem: Isabel Minaré

Para ver mais fotos da fábrica e das peças, acesse nosso Flickr.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dom de costurar e encantar

O ateliê de Milka fica na sua própria casa.
 Imagem: Isabel Minaré


“Tarde, toda tarde vai fiando/ A costureira no silêncio a costurar/ Noite no bordado, vem chegando em retalho/ E põe suas estrelas no lugar/ Moça, toda moça tá se vendo/ Nessa elegância no cabide a balançar/ Diga quanto custa, na cintura bem se ajusta,/ Que é pro meu rapaz se admirar”. Esses trechos são da música A costureira, de Dominguinhos, e ilustram bem nossa personagem de hoje.

São 59 anos em cima de uma máquina de costura. Aos 12 fez seu primeiro vestido de noiva. Há pouco tempo, a história se repetiu e a filha dessa cliente a procurou para que pudesse fazer o vestido do casamento dela.


Bronca da mãe, apoio do pai

Foi quando morava na fazenda que teve contato com a moda. Pegava as roupas velhas da família e as transformava em novas. “Minha mãe danava comigo, falava que ia estragar a máquina. Meu pai dizia que se estragasse, ele mandava concertar”. Por conta disso nunca teve medo de cortar e costurar tecidos. E nunca estragou nada.

Viúva aos 35 anos e com dois filhos, Milka de Freitas passou por várias épocas da Moda, desde o reinado de Dener na Alta Costura até a multiplicação das grandes confecções. “Nesse período muitas costureiras como eu pararam porque não tinha serviço. Eu não, dei continuidade”.

Hoje recebe encomendas com até seis meses de antecedência. Vestidos de noiva, de debutantes, de formandas, de mãe de noivos são suas especialidades. “Tenho um molde que chamo de Zero Zero. Ele é manequim médio, que corto para gorda, magra, para qualquer um, qualquer modelo”.

Maria de Nazaré e São Geraldo estão presos na máquina de
costura para proteger Milka. Imagem: Isabel Minaré


A noiva, o vestido e a Coca-Cola

Milka conta uma história que marcou a carreira dela: "A noiva já chegou pronta, foi ao banheiro e depois tomou um copo de Coca-Cola. Pegou o copo e levou  para o quarto. Colocou em cima da penteadeira. Falei para não colocar o copo ali. Usava anáguas muito armadas e a hora que ela virou, a Coca-Cola caiu na saia. Foi aquele susto! Minha irmã chegou e já pedi para ela olhar o vestido para ver se tinha solução. Era a noiva mais calma que já vi. Minhas netas eram pequenas e chegaram na porta. Falei para elas irem embora. A noiva disse que não precisava, que as crianças eram anjos. Pensei em tirar um pouco da anágua. Minha irmã veio, o colocou numa mesa e começou a passar com um pano úmido. Ficou limpinho".

Sua roupa mais cara custou R$1.200,00. As clientes a conhece ‘na base do boca-a-boca’. “Aquela revista (JM Magazine) me ligou me convidando para fazer propaganda. Agradeci e falei que não queria. Continuo aqui na minha simplicidade”. Quem conhece a costureira, sabe que ela é realmente uma pessoa muito simples: “Meus filhos falam que tem dó das minhas freguesas porque chegam aqui e me vê toda desarrumada e elas podem não acreditar no meu trabalho”.

Milka acredita que costurar é um dom: “Eu interpreto como um dom. Quando vejo os vestidos prontos, principalmente os trabalhosos, penso que é a mão de Deus segurando a minha mão. É o meu trabalho, meu ganha pão”.

Vestido feito por Milka está a venda.
Imagem: Isabel Minaré

Alô, Walter Rodrigues?

Walter Rodrigues. Imagem: Divulgação

Quando decidimos colocar o Walter Rodrigues entre os entrevistados do blog, não imaginamos que seria tarefa fácil. Primeiro, porque não conseguíamos encontrar o contato da assessoria de imprensa dele. Tudo bem, fizemos uma pesquisa no Google e encontramos o número do ateliê. Resolvi arriscar.

- Alô, com quem eu falo?

- Com quem gostaria?

- Meu nome é Gabriela, sou estudante de Jornalismo da UNESP... Estou fazendo um blog sobre Moda e Empreendedorismo e gostaria de conversar com o Walter Rodrigues. É possível?
(Silêncio)

- Só um minuto.
 (...)

Uma voz de homem atende:

- Alô?

- Oi, com quem eu falo?

-Walter.


Não imaginava que fossem me passar direto para ele.

- Oi, Walter. Sou estudante de Jornalismo da UNESP, de Bauru, e gostaria de marcar uma entrevista com você...

- Você tem as perguntas? Prefiro que seja agora.

O tom de voz não era dos mais amigáveis e logo na primeira pergunta, ele já pediu para que eu direcionasse mais as questões. Não me intimidei. Apenas atendi o pedido e segui em frente.

- Como o blog fala sobre empreendedorismo, queria saber: você se considera um empreendedor da moda?

- Todo mundo que quer fazer alguma coisa nesse país tem que ser empreendedor. O Brasil, na verdade, é um lugar de oportunidades, mas, ao mesmo tempo, você tem que lutar contra muitas situações complicadas, como dificuldades de exportação ou mesmo de distribuição do seu produto. Então, se você não tiver esse espírito de empreendedor, você não sai do lugar.

- Você acha que a maneira de fazer e pensar moda se modificou em todos esses anos que você está no mercado? Se sim, de que forma?

- Eu acho que nós estamos mais profissionais. Essa modificação, ela está em conta, para mim, em 1992, quando a gente pôde ter produtos importados aqui no Brasil. Então, com a chegada das marcas internacionais – e isso é muito bom, porque, para mim, concorrência é absolutamente necessária na questão do empreendedorismo, porque, pelo trabalho do concorrente, você melhora o seu produto, você melhora as suas ações, você descobre os seus erros. Então, para mim, essa mudança realmente começa em 1992, que é a abertura das importações e, no decorrer todo esses anos, praticamente, 20 anos, o que é importante é que a gente se profissionalizou mais, as nossas escolas estão mais aptas a proporcionar para as empresas profissionais com capacidade, com uma visão de pensamento global, que eu acho que é muito interessante. Ao mesmo tempo, a gente também teve oportunidade de expandir o nosso conceito de moda para o mundo e o mundo passa a desejar não só essa vivência desse way of life brasileiro, dessa maneira de viver, mas tudo o que diz respeito a isso. Então, seria produtos no geral, não só moda, mas qualquer outro tipo de produto que possa ser exportado, para que leve, junto com isso, a originalidade de ser brasileiro.

- E você tem contato com trabalho de novos estilistas?

- Sim, claro.

- O que você acha desses novos estilistas, como você vê a moda brasileira daqui pra frente?

- Eu acho que a gente vai muito bem, na realidade. Eu não tenho visto... Por exemplo, há uma geração furada no meio dessa história, que é uma geração do Jefferson de Assis, o Wilson Ranieri, Deoclys Bezerra, Emilene Galende, por exemplo, essa geração não conseguiu, ela saiu da universidade, ela até teve estímulos e apoio, mas ela não foi resolvida na questão de como seus produtos chegariam nas pessoas e do sucesso dessas pessoas. Então, me preocupa muito a ideia de como esses "novos" serão incorporados pelo mercado. E como esses "novos" terão capacidade de empreendedorismo para se sustentar diante de um mercado voraz e, ao mesmo tempo, absolutamente conectado com o mundo. Nós estamos, hoje, em um contexto global. Então, esses jovens concorrem com jovens internacionais também. São pessoas que não precisam não só da melhoria na questão da escola, como eu já disse pra você que acredito que foi muito bem, mais em todos os setores que apóiam esses novos designers.

No final da conversa, ela já se mostrava bem mais simpático e até desejou boa sorte com o projeto!

-
Veja o último desfile de Walter Rodrigues no Fashion Rio - Verão 2012:


Crédito: Portal FFW

Walter Rodrigues trabalha com Moda desde 1983. Mas foi quase dez anos depois, em 1992, que ele lançou a marca que leva seu nome. É considerado um dos principais estilistas da alta costura brasileira.